quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Caso Eloá ou Lindembergue?

Observei atentamente os fatos que envolveram mais uma tragédia urbana ocorrida entre os dias 13 e 17 de outubro de 2008, que pela repercussão dada pela mídia nacional ainda vai dar muito que falar.
Lembrei de um amigo escritor e poeta, companheiro dos tempos de caserna, que em seus comentários a meu respeito expressava não raro, mesmo sem minha concordância a opinião que me intrigava. Dizia ele: Meu caro amigo, você leva as coisas muito a sério. Pois bem, após analisar diversas opiniões sobre o sequestro ocorrido em Santo André-SP, o qual resultou na morte da garota Eloá, de quinze anos de idade pelo namorado de vinte e dois anos, resumo o seguinte:
1. Coitado do Lindembergue, "rapaz bom", sem nenhum passado criminal, que diante de uma crise amorosa – diga-se de passagem – o amor é o sentimento mais sublime do mundo, não queria outra coisa, senão reatar a relação amorosa tida com a garota durante três anos. Acuado pela ação policial durante quase cinco dias, tinha somente planejado uma conversa "amigável" com a garota e seus amigos de escola. Achou, entretanto, necessário adquirir uma arma (revólver calibre 32 e apenas e tão somente trinta cartuchos), talvez para garantir a sua sobrevivência
2. A amável Eloá, garota precoce que aos doze anos, aceitara com o consentimento dos pais namorar um rapaz de dezenove anos de idade, sem imaginar que a relação seria duradoura e que a idéia de posse tomaria conta do namorado;
3. A bondosa Nayara, amiga inseparável de Eloá, retirada do apartamento após uma negociação entre a polícia e o seqüestrador, que numa prova de coragem ou de “loucura” voltaria à cena do crime, tornando-se novamente refém e parcialmente vítima;
4. A polícia, principal alvo das posteriores investigações, deve ter sido "culpada de tudo". Como não é nenhuma novidade, despreparada, mal aparelhada, usando como munição apenas bala de borracha, indubitavelmente para preservar a vida do apaixonado seqüestrador teria, talvez, atrapalhado a boa intenção do rapaz. Digo isso, após saber que o Ministério Público, Polícia Científica e DPCA estarem dispostos a investigar os erros cometidos pelos policiais envolvidos;
5. Os pais, cabe-me parabenizá-los por representarem o que de mais moderno existe no mundo atual, pois consentiram o namoro da querida filha de doze anos com o amoroso gato de então, dezenove anos de idade;
Finalmente, resta-me concordar com o grande amigo Evandro Brandão, realmente eu peco por levar as coisas muito a sério, num país que de há muito já se questionou sobre sua seriedade. O que menos importa, entretanto, é se o caso é Eloá ou Lindenbergue, pois ambos infelizmente alcançaram a maldita fama.
Nota: Conforme matéria divulgada pela imprensa de São Paulo, Lindembergue fez aos amigos mais próximos, na semana anterior ao ocorrido a seguinte declaração: Na próxima semana serei notícia, ficarei famoso!

Um comentário:

Noelson disse...

Uma tragédia.

Sobre a polícia, tá pior que o coitado do mordomo, que pelo menos era "apenas" o principal suspeito. Em qualquer fato envolvendo militares, eles sempre são os culpados.

Tristes tempos. Por conta do "politicamente correto", invertem-se prioridades. No caso as prioridades da ação policial em ocorrências deste tipo, a meu ver:
1) tiro quase-seguro;
2) invasão quase-segura;
3) negociação.

A polícia tem culpa ? Claro, por pura comodidade, é sempre a culpada.

Que tal o comportamento da imprensa ? Foi correto ?

Que tal o comportamento dos políticos na área de segurança pública ? Por exemplo, o despreparo policial é culpa da polícia ?

E a sociedade? Enquanto os holofotes da imprensa estão ligados, mobiliza-se numa solidareidade comovedora. Depois, esquece o despreparo policial, a má gestão na área de segurança e por aí vai. Esquece a ponto de reeleger políticos incompetentes e/ou ladrões.

Para expiar os nossos pecados, precisamos de um culpado.

Só algumas considerações.